Monday, October 30, 2006

Sofisticada melancolia

“Eu vivo porque o instante existe”, tão forte isso!
Eu sempre achei essa frase recheada de melancolia. Mas como as coisas melancólicas são lindas!
Eu acho a melancolia chique. Nada mais parisiense do que ela. Quando eu conheci Paris tive a sensação de entender porque tudo que é melancólico se torna belo, por isso que amei aquela cidade mais do que bela.
Mas, nada mais maravilhoso do que não sentir o gostinho ácido e sofisticado da melancolia.

Sunday, October 29, 2006

Embriagues

Existem prazeres que são essencialmente pessoais. No final das contas tudo na vida é essencialmente pessoal, mas há sensações que são ainda mais subjetivas. O prazer de comemorar a “embriagueis do povo”, tanto dentro dela, só um embriagado de alegria pode descrever. E será que é descritível? Quem coloca toda a força dos pulmões num coro único, harmonioso e belo consegue sentir como é indescritível essa sensação! Hummmm, gostinho de chocolate com amêndoas.

Friday, October 27, 2006

Friends é clássico

Someone to face the day with, make it through all the mess with
Someone I'll always laugh with, even under the worst I'm best with you

Porque a música de friends é ainda melhor do que o seriado e olhe que quem gosta do seriado sabe a força disso que eu estou falando. Porque Manolo dizia que friends não pode ser considerado um seriado, é outra coisa, é tipo um filme que vira clássico. E porque ele tava mais do que certo. Porque quando eu vejo a letra da música eu sempre penso: puta que pariu, porque não fui eu que escrevi essa letra? Porque toda vez que eu escuto a música eu penso: é, eu sou privilegiada mesmo, eu tenho mais de um alguém que eu possa dizer “even under the worst I'm best with you”

Thursday, October 26, 2006

Pão com ovo, por favor

Como as imagens, os sons, os cheiros, os gostos e o tato mechem tanto comigo? Eu acredito sinceramente que os sentidos têm um acordo tácito, que nunca pode ser quebrado, de que cada um deve respeitar o poder de fogo do outro. E digo mais, sou totalmente a favor desse acordo verbal, afinal, nada mais perfeito do que a combinação de todas as sensações que cada um deles me permite sentir. Digo que é um acordo verbal porque nada mais forte do que o poder de uma promessa feita olhando nos olhos e com voz séria, porque as vozes podem ser muito sérias! Os pequenos prazeres da vida são exatamente o resultado da noção repentina do poder dos nossos sentidos. Só uma mulher com tpm, que tenha brigado com o namorado, saído do trabalho com ódio da chefe e se achando a pior pessoa do mundo sabe a felicidade que causa a primeira mordida de uma torta de sonho de valsa. Só uma pessoa fã de carteirinha de friends sabe o que é escutar a música de entrada do programa quando tá no trânsito infernal de seis horas da noite da Agamenon Magalhães, com hora pra chegar na Avenida Norte, com o mau humor saindo pela janela. Só quem passa mais de oito meses longe de casa sabe o que é sentir o cheiro tão maternal de mainha pela primeira vez depois de tanto tempo. Só quem está apaixonado sabe o que é o abraço forte da pessoa amada. Só quem ama o futuro sabe o que é ver o sorriso de uma criança desconhecida que te sorri a primeira vez que te olha. Que vontade de pão com ovo, e que felicidade é o prazer das pequenas coisas!

Wednesday, October 25, 2006

Lula lá, apaixonadamente parcial!

Passo o tempo e tanta gente a trabalhar,
de repente essa clareza pra notar,
quem sempre foi sincero e confiar,
sem medo de ser feliz,
quero ver chegar.
Lula lá...
brilha uma estrela,
Lula lá...
cresce a esperança,
Lula lá...
o Brasil criança,
na alegria de se abraçar.
Lula lá...
com sinceridade,
Lula lá...
com toda certeza,
Pra você,
meu primeiro voto,
pra fazer,
brilhar nossa estrela.
Lula lá...
é a gente junto,
Lula lá...
valeu a espera,
Lula lá...
meu primeiro voto,
pra fazer,
brilhar nossa estrela!!!!!!

Porque ninguém é imparcial e eu tenho que pensar seriamente em seguir carreira acadêmica. Fazer o quê se nasci pra ser uma pessoa apaixonadamente parcial?
Lula lá... Pra fazer brilhar nossa estrela!

Amor sutil

Eu tava lendo “Amor é prosa Sexo é poesia” de Arnaldo Jabor e além de constatar que ele é comprovadamente um chato, entendi que o amor é o que está na sutileza dos atos. Tá, na verdade o meu amor está na sutileza dos atos. Uma vez eu peguei uma discussão sem tamanho com Marcinho, exatamente porque ele não conseguia entender como os detalhes são importantes pra mim. Aí é que tá, os detalhes não são só importantes pra mim, eles são basicamente tudo pra mim. Mas, será que eu consigo transmitir nos pequenos detalhes o meu amor pelas pessoas? Se fosse possível eu amaria todas elas, mas como eu acredito que Jesus Cristo foi nada mais do que um filósofo das massas, eu nem me atrevo a pensar em tanto. Pois é, amo alguns, mas talvez nem eles tenham noção do tamanho desse amor e a culpa é da minha sutileza de detalhes. Camila Barbosa, eu amo muito você! Fui clara? Acho que sim, né? Tá, eu não amo só Camila Barbosa, mas eu a amo muito e eu quero que ela saiba disso. Nada de detalhes, nada de sutilezas. Câmis, te amo muito! E que esse amor não seja sutil pra você e não cure todas as dores, mas ajude a amenizá-las. O abraço apertado eu dou depois.

Tuesday, October 24, 2006

Sorriso com alma

Tão feliz hoje, tão feliz agora, tão feliz no presente. O sorriso está no rosto e na alma. Como a cumplicidade e o carinho conseguem fazer isso? Mistérios da vida que se depender de mim, nunca vão ser desvendados. Que a ciência saiba o seu lugar, e os sentimentos que norteiam a vida continuem sem explicação. Mas sem nenhuma possibilidade de explicação...

A Espanha que passou

Era Heráclito que dizia que tudo flui, não é verdade? Mas a verdade é que nem sempre as coisas deveriam ser tão volúveis assim. Às vezes deveria ser possível experimentar a mesma sensação vivida outrora, às vezes deveria ser possível tornar presente o que se fez passado. Que saudade eu sinto da Espanha! Porque a Espanha, não é só a Espanha. A Espanha é a possibilidade de viajar sempre que as low costs faziam promoção. A Espanha é ser feliz sozinha nas ruas movimentadas de Madrid. A Espanha é passar madrugadas inteiras rindo com as idéias malucas de Lucy. A Espanha é passar tardes e noites na casa das meninas ouvindo Marcela me dizer pra rir baixo, Mircalilda me dizer pra comer mais e acreditar nas invenções de Camila só pra me fazer de boba. A Espanha é os banquetes na casa de Serginho, as entradas na Internet no computador de Rodriguinho e o biscoitinho recheado de chocolate derretido do Burbujas. A Espanha é Pablito cheiroso e com Milanquita e Manolo mau humorado. A Espanha é Raquelita, sempre Raquelita. A Espanha é uma fase que terminou, e isso dá um aperto no peito, como tudo que fica pra trás e que nunca mais vai ser como foi.

Monday, October 23, 2006

Gosto de complexidade

Não existe nada mais perfeito do que a máxima: “cada cabeça um mundo”. Não que eu goste de citações. Na verdade eu detesto citações! Nada mais medíocre e inseguro que um discurso cheio de “segundo” e “de acordo com”. Detesto quem precisa se apoiar em outros para formular uma tese. Talvez minha insegurança seja tão grande que me utilizar de pensamentos alheios me cause uma sensação de impotência maior ainda. Não que eu não tenha tido minha fase de anotar todas as frases bonitas buscadas na Internet, lista telefônica e em livros de máximas. Não que eu não tenha tido minha fase de anotar no diário um pensamento por dia. Não que eu não tenha tido minha fase de achar que memorizar pensamentos consagrados fosse me tornar mais culta. Talvez seja esse trauma de adolescência que me tenha ocasionado o pavor eterno a citações. Mas, “cada cabeça um mundo”, é o tipo de citação que eu gostaria de ter feito. Então que assim seja. É tão perfeita que é a explicação pra todos os problemas sociais, de relacionamento e de toda natureza humana. Por que as separações, os rompimentos de sociedades, as rupturas de amizades eternas? Porque “cada cabeça um mundo!” Mas aí eu pergunto. Por que uma amizade com gosto de filme sem graça, brigadeiro passado do ponto e sala suja, tem o sabor mais maravilhoso? Por que a cumplicidade mais forte que eu já vi entre o entusiasmo e a paciência dá mais do que certo? Por que o relacionamento entre o simplismo e a complexidade tem a cara de mais perfeito e de mais gostoso? Porque “cada cabeça um mundo!” Que a máxima se reproduza, e que minha cabeça continue sendo sempre um mundo só meu.

Sunday, October 22, 2006

Trilha sonora do passado

Escolher é abrir mão, é abandonar o futuro possível, é tornar impossível o que talvez não precisasse ser descartado. Mas como não decidir? Como se isentar das escolhas?
O momento presente não tem trilha sonora, mas a vida é feita de “nostálgicas canções do passado”. Quem nunca escutou uma música e lembrou de um abraço apertado do tio mais querido que há muito tempo não vê? É certo que a vida são coletâneas de trilhas sonoras passadas!
Mas, e as escolhas? Que elas não tenham cheiro de trilha sonora, porque, se assim for, vão para sempre exalar passado! E que o presente seja assim, sempre mais cheiroso do que o peso das escolhas com saudade de futuro.
É assim que você fica depois de assistir “O diabo veste Prada”, porque os casacos não são apenas meros casacos!

Friday, October 20, 2006

PRETO E BRANCO SEM BRILHO

Eu queria ser um retrato bonito, em preto e branco, daqueles que ficam pra história, daqueles que ficam marcados na memória social de várias gerações.
Hittler de bigode ralinho, Marilyn Monroe de rosto levantado, sorrindo e insinuante. Que diferença faz a história! Marilyn era uma sonhadora cuja ambição e ingenuidade a matou, Hittler também foi morto pela ambição, mas a ingenuidade nunca o acompanhou. A imagem dele não é romântica, não é retrô, não é glamourosa. Sinatra em preto e branco... cadê os olhos azuis? Eu não tenho olhos azuis...
Tem gente que fica bem em preto e branco. Audrey Hepburn, a bonequinha de luxo, ela só é de luxo em preto e branco. Blanco y negro, adorava chamar assim na Espanha. Suena más elegante, ?verdad? ?Cómo no?, eu não sou elegante em preto e branco. É, não dá pra ser um retrato bonito em preto e branco, daqueles que ficam na memória social de várias gerações. Eu sou ingênua, mas nada de insinuante como Marilyn, nada de luxuosa como Audrey e nada de poderosa como Sinatra. É, então eu quero ser uma foto colorida daquela de cartilha antiga, dos primórdios da propaganda publicitária. Eu quero que meu sorriso tenha brilho, que meus olhos tenham brilho, que meu cabelo tenha brilho. Que diferença faz a história! Mas que ela não apague o brilho dos meus olhos...