Tuesday, January 12, 2010

Porque eu amo o Recife

Eu amo o Recife! Lembro bem que, quando criança, brigava com todos os meus primos potiguares defendendo a Veneza brasileira com unhas e dentes e um tanto de exagero, peculiar a minha pessoa. Mas a gente vai crescendo e hoje reconheço como a costa do Rio Grande do Norte é imensamente mais bela do que a pernambucana e como a qualidade de vida em Natal não se compara à loucura que é o dia a dia no meu Recife. Mesmo assim, fico com a minha Veneza possível. E quanto mais viajo mundo e, principalmente, Brasil afora, vejo a dificuldade que teria, ou terei, de viver em outro lugar.

Quando morei na Espanha, sonhava todos os dias em morar na minha encantadora Madrid. Nunca acreditei em amor a primeira vista, mas por Madrid eu me apaixonei a primeira vista. Como seria viver andando todos os dias por aquelas avenidas monumentais? Assistindo filme no cinema da calle que já esqueci o nome, mas ficava bem próximo à praça de Espanha? Como seria ter sempre o Prado e o Reina Sofia de graça, todos os domingos? As feiras de livro no meio do paseo do Prado? Será que eu conseguiria andar todo o paseo da Castellana? Eu tentei tanto, mas me parecia realmente impossível. Mas quando lembro da sensação de ser uma eterna estrangeira vejo como é maravilhoso continuar no meu Recife.

No Brasil, alguns lugares me encantam, mas acho que nenhum como o Rio de Janeiro. Conheci a cidade maravilhosa com minha querida amiga Natália. A viagem, na verdade, foi um verdadeiro presente proporcionado por ela. Fiquei na Barra da Tijuca, fui a todos os pontos turísticos, sem contar com Angra e Parati, que me pareceram um sonho. Mas os anos passaram de novo, e voltei ao Rio para fazer um concurso público nesse último domingo. As loucuras da viagem nem vale a pena contar. Para resumir, quase não embarco porque meu pai tinha esquecido de pagar a taxa de embarque, detestei a prova, fiquei das 10h às 19h sem comer nada e no aeroporto só consegui comprar pão de queijo e picolé e precisei fugir de uma mulher que ficou me seguindo insistentemente. Mas, vamos voltar ao Rio de Janeiro. Acabada a prova, que foi bem no centro, perto da bela praça Mauá, na Avenida Rio Branco, não sabia como fazer para pegar algum transporte para o Galeão. Como não passava táxi, fui para a parada de ônibus mais próxima e dois anjos me ajudaram. A menina era mineira e o rapaz, carioca. Entrei no ônibus de linha e fui com eles até um pouco antes da Ilha do Governador, de onde peguei um táxi pro Aeroporto do Galeão, que estava logo ali ao lado. No caminho, eles foram me mostrando os belos prédios cercados pelos morros e pela água. O Rio é realmente lindo, não tem jeito! Mas vai viver naquela cidade sitiada. Deve ser difícil! Moraria lá, como moraria em Madrid, mas como é mais fácil ficar no meu Recife.

E como não sou Zeca Pagodinho, não consigo deixar a vida me levar, porque nesse meio tempo tenho enxaqueca, choro, vou muitas vezes ao banheiro e fico estressada como só eu sei. Mas se não for para continuar no meu Recife, que ele possa viver sempre dentro de mim. Porque eu, definitivamente, amo o Recife!