Wednesday, July 24, 2013

Culpa do salto


A conversa era sobre como o salto alto muda a forma de a mulher encarar o mundo: “até gostaria de andar sem salto, mas com ele fico muito mais segura”, explicou uma conhecida, no máximo da sua auto-suficiência.

Engraçada essa história de como encarar o mundo. Tão fácil falar, né? Mas, com o passar dos anos, percebo que minhas lentes mudaram bastante. A noção da vulnerabilidade da vida e a experiência profissional (não é tão grande, mas já começa a se desenhar) mudam a gente, viu? Certo dia escutei: “Eliza, você é TÃO especial, sabia?” Assim, do nada, na fila de espera do salão de beleza. A recepcionista me fez ganhar o dia e, depois, refletir. Especial. Será? Pelo menos aprendi a respeitar o outro, independentemente de quão diferente de mim ele seja, independentemente do meu preconceito.

Nunca usei floral, tentei yoga e pilates, mas só o ballet clássico foi capaz de domar a minha ansiedade. Fiz terapia e, sim, recebi alta. Os amigos até dizem que foi porque o terapeuta não aguentava mais me ouvir falar. Os amigos de verdade percebem o motivo: sou tão imperfeita quanto qualquer outro humano, mas, pelo menos por enquanto, aprendi a lidar com minhas imperfeições. Mesmo sem o ballet clássico e sem a terapia, venho lidando com minha ansiedade.


Essa semana, vivi um novo desafio e, ao invés do sentimento que tinha na iminência de uma realidade desconhecida, o coração disparou, mas a mente ficou tranquila. É verdade, eu estava de salto alto. É verdade, ele deve ter ajudado.