Questão de Referencial

Tudo é uma questão de referencial. Todas as vezes que viajo percebo o quanto essa verdade é absoluta. O ritmo do interior é lento, não adianta querer mudar o rumo das coisas. Se você está na pousada e quer fazer uma trilha às 8h30, não vá tomar café às 8h15, porque só quando você aparecer é que tudo começa a ser preparado. E do que vai adiantar apressar as coisas? Elas têm esse ritmo natural. Quer você queira, quer você não queira.

Privacidade? Isso é coisa de cidade grande. O homem do sítio gosta mesmo é de compartilhar as poesias que faz escondido de si mesmo, além da água, da rapadura, do sofá e dos programas mais toscos de televisão que admira.

E se o desenvolvimento está chegando e a pousada precisa fazer melhorias, pouco importa! Que lugar do mundo proporciona receptividade de sítio com serviço de casa de família? Sem contar nas descobertas que só a mais rústica das sabedorias é capaz de ensinar.

Inexplicável

Algumas coisas ficam para sempre na memória, e nada nem ninguém consegue apagar. Sabe aquele cheiro da casa da sua infância que você volta a sentir muitos anos depois? Ou aquele olhar de felicidade que você pensava que não ia mais ter daquela pessoa especial? Ou aquela frase que lhe confortou por um momento da sua vida e que determina uma gratidão eterna a quem você nem vê mais? Acho que a sensação de voar ao lado de gaivotas, sem nenhuma aeromoça para atrapalhar, é uma sensação inesquecível assim. E inexplicável também.