Tuesday, May 29, 2007

Dicionário

Saudade é um sentimento tão estranho! Nostalgia também.
Não que eu nunca tenho visto um dicionário na vida pra saber que os dois são sinônimos, mas porque eu realmente acredito que são sentimentos distintos.
Às vezes eu sonho que estou na “Puerta Del sol”, em Madrid, com a tarde inteira pela frente, sem saber se prefiro passar a tarde no museu do Prado, ou pegar um cinema, ou ler um livro nos jardins do palácio real. Acordo com aquela sensação de nostalgia, com uma alegria contida de ter aquela sensação boa. Ou então quando eu sinto o cheiro do Recanto, porque o Recanto tinha um cheiro tão peculiar! Surge aquele sorriso no rosto, fruto das lembranças das aulas de educação física e artes. Do recreio, das feiras de cultura e de ciências, de tudo!
Agora saudade, ... Saudade dói! Saudade angustia, saudade perturba. É estranho não sentir saudade. Ainda bem que já tiveram uns alguém que me fizeram sentir assim, mas que sentir isso também é estranho, é.
“Saudade é basicamente não saber”. E é tão ruim não saber! Não saber se a pessoa fez a barba, se emagreceu, se ta feliz, se ta estressado, se ta cansado, se ta o que seja. É estranho ser um estranho com quem você tinha a maior intimidade. Mas é tão bom quando a saudade se transforma em nostalgia e as lembranças não causam mais angustia, e surge sempre aquele sorrisinho quando se relembra uma situação engraçada.
Ta vendo que nostalgia não é sinônimo de saudade?!
E que toda saudade se transforme em nostalgia...

Sunday, May 27, 2007

Arco e flecha

Tão difícil saber quando criar expectativa ou não em relação as coisas nessa vida. Estranho demais ser mal interpretada e mais estranho ainda não conseguir entender algumas situações aparentemente claras. Decepção não é a palavra certa. Acho que arrependimento é mais apropriado.
Pra que inventar de mexer no que já estava com a consistência boa? Fazer isso só cria aquelas bolinhas sem gosto no brigadeiro. Pois bem, é errando que se aprende e dessa vez eu queria aprender de verdade, por inteiro. Por que será que é tão difícil acertar o alvo? Acho que se eu tivesse feito aula de arco e flecha teria treinado essa pontaria, né? Quem sabe?
Muito triste esse tempo perdido em tanta coisa! “Eliza, nenhum tempo é perdido”, eu fico falando pra mim mesma, mas será verdade isso? Que sensação ruim de tempo perdido! Por que eu não notei logo que jornalismo é uma eterna crise? Por que eu não notei logo que tinha que voltar pro inglês? Por que eu não fiz curso de matemática, pra pelo menos conta de bar eu poder fazer? Por que eu não tomei as decisões corretas, na hora certa e sem olhar pra trás?
Mas, o que será uma decisão certa? Muito complexo isso! Meu pé ta doendo tanto! Por que meu gen não foi recessivo e eu nasci com dez centímetros a mais do que minha mãe? Esse salto um dia acaba comigo, mas espero que antes disso eu tenha tomado uma decisão correta na vida.
E viva o salto alto! :P

Monday, May 21, 2007

Soluço de alma

Pense numa mentira grande essa história de que todo mundo é substituível! Ontem deu um aperto no peito, uma vontade de gritar, um soluço na alma, se é que isso existe!
As horas, os dias, as semanas, os meses, os anos, vão transformando a presença em distância e o abraço em lembrança. E Quando a gente menos espera, já se passou tanto tempo, que fica estranho ainda lembrar a mudança da cor dos olhos ou o abraço com gosto de algodão doce.
Ninguém que realmente importa é substituível, e as sensações que cada uma dessas pessoas causam são inesquecíveis e impossíveis de se preencher com outras sensações. É difícil demais parar esse soluço de alma, mas como todo soluço, passa por muito tempo, só que de vez em quando dá aquela crise rápida, que angustia como se fosse eterna...
Que as pessoas continuem sendo insubstituíveis em minha vida. O importante é não permitir que sejam preciso anos pra matar a saudade delas de vez em quando.
E que a mudança da tonalidade dos olhos seja vista de quando em quando, pra que não termine virando souvenir.

Saturday, May 19, 2007

Método Paulo Freire de Inteligência Emocional

Nunca entendi porque a gente não aprende inteligência emocional na escola. Eu seria muito mais feliz se tivesse aprendido a perdoar, e a me controlar, e a não me deixar abater com tantas coisas.
Assim, eu ainda não aprendi nada disso, mas vai que se desde a quinta série eu tivesse sido avisada de que minha vida seria melhor depois desses aprendizados, eu já seria capaz de tudo isso!
Tem gente que faz bem a gente só pelo fato de existir, e tem gente que a gente adora, mas sempre coloca todas as nossas esperanças no fundo do poço. Tão difícil lidar com essas pessoas, ai se elas soubessem como eu me esforço!
Pois bem, vinte dois anos de vida pra só agora eu escutar: “Eliza, você seria muito mais feliz se superasse suas inseguranças”. Mas ser uma pessoa segura é muito difícil, exige uma inteligência emocional imensa, não é não? Como é que só agora me dizem que eu preciso aprender isso? Acho que nem função exponencial é tão difícil pra minha cabeça, de verdade!
Bem, quem me disse isso é uma das pessoas que me fazem bem só pelo fato de existir, mas infelizmente ela é minoria na população que faz parte da minha realidade. Será que sou capaz de superar o tempo perdido?
Que as escolas modernas não deixem de utilizar o método Paulo Freire, mas não continuem restritas apenas a ele, né?

Wednesday, May 09, 2007

Somos uma bosta

Eu sempre fiz o discurso de que latifundiário é tudo filho da puta, que essa elite é um bando de parasita do governo, que as autoridades são feito gato: comendo e miando, enfim, sempre repeti os clichês dos politicamente corretos e preocupados com as causas sociais. Aí, ontem, fui fazer um VT sobre um assalto a um prédio aqui do lado de casa. Fiquei assustada com o fato de a violência ta tão próxima de mim.
Claro que os assaltos, e as mortes por causa de assaltos no trânsito, e os acontecimentos diários de violência que atingem a classe média sempre me assustaram, mas é que dessa vez foi tão perto que parecia que tinha sido comigo. Aí nessa hora meu primeiro pensamento foi: puta merda, que bando de filho da puta, arrebentar tanto carro assim, fazer uma moradora de refém por um tempo, ninguém mais tem paz, ta foda essa cidade!
Pois é, eu quero continuar falando de responsabilidade social, mas sempre do lado de dentro da minha casinha linda, cheia de quadros de Bajado e Gil Vicente, com televisão de última geração pra me assistir quando as repórteres ficarem doente e eu for fazer matéria, e de preferência na minha cama americana cheia de almofadas e com o ar condicionado ligado. Meu deus, quanta hipocrisia!
“Políticas públicas só existem porque a política é a do poder”, era mais ou menos assim a frase que escutei na aula da última sexta-feira. Só deseja mudar o mundo quem precisa da modificação nas relações de poder, tão claro isso!
E meu medo de ganhar pouco continua, e me motiva a agir muito mais do que a falta de comida para a família que vive aqui na rua. E eu ainda tenho a coragem de dizer: esse país é uma bosta mesmo! Quando na verdade, eu sou uma bosta e você também, afinal, quem faz o Brasil não são os americanos, não é mesmo?