As pessoas mudam.
Eu nunca acreditei totalmente nisso, acho que a essência é difícil de ser transformada, mas o ser humano é mais do que essência.
No fundo, acho que “criamos” as pessoas e, quando nos deparamos com algumas realidades, ficamos abismadas com as “mudanças” que não tínhamos percebido no outro.
Esse ano, deparei-me com algumas “mudanças” de pessoas queridas e confesso que ainda sofro para lidar com elas. Mas estou me adaptando.
E nessa história de adaptação, passei a observar, mais ainda, o meu redor.
Solteira nessa cidade multicultural, tendo estudo no colégio São Luiz e feito jornalismo na UFPE, transito em ambientes bem opostos, que, no fundo, são idênticos. E não, não me identifico com nenhum deles!
Para quem não sabe, o “brega naite” é uma noite de brega para cults, por mais preconceituosa que essa definição seja, e é, eu sei! Por lá, quase todos os meus colegas de jornalismo - da faculdade ou que conheci nos trabalhos da vida - se apertam durante algumas horas de sexta-feira, no vapor 48, para paquerar, ficar, namorar, dançar, se divertir.
O UK, o Dona Carlina, são boates bem famosas da cidade, onde os colegas que conheci da época do São Luiz se apertam em algumas horas de quinta, sexta, sábado ou domingo para paquerar, ficar, namorar, dançar, se divertir.
Nas boates, sempre vai ter "playboy" grosseiro, fila no banheiro feminino, aperto e gente furando fila para comprar alguma bebida. No Vapor, em dia de "brega naite", sempre vai ter "bicha dando show", fila no banheiro feminino, aperto e gente furando fila para comprar alguma bebida.
Os esteriótipos vão estar presentes, tanto de um lado como do outro. E os "cults" vão falar que não agüentam essas boates de "playboys" preconceituosos, do mesmo jeito que os "playboys" vão dizer que têm nojo daquelas "bichas cults". E o preconceito vai continuar reinando, porque o diferente sempre causa estranheza, seja pela minoria, seja pela maioria (quando se trata do olhar da minoria).
E, eu, que gosto mesmo é de jogar conversa fora em um bar que tenha comida de qualidade com meus amigos, sejam "playboys" ou "bichas", acho engraçado ver os preconceitos reproduzidos, da mesma forma, pelos diferentes grupos. Porque, sendo heterossexual, acho um saco os joginhos de sedução dos "boyzinhos" de camisa apertada do uk, e, tenho certeza que se fosse gay, iria achar um saco o afetamento de certas "bichas". Por mais preconceituosas que as frases pareçam. E são, eu sei! Porque eu admito que tenho preconceitos, ao invés de fingir que o diferente de mim é quem me odeia. Até porque para mim: uma mulher heterossexual, de classe média e “de família”, é muito fácil falar. Eu sofro menos preconceito do que um gay de classe média. Será?