A conversa era sobre como o salto
alto muda a forma de a mulher encarar o mundo: “até gostaria de andar sem
salto, mas com ele fico muito mais segura”, explicou uma conhecida, no máximo
da sua auto-suficiência.
Engraçada essa história de como
encarar o mundo. Tão fácil falar, né? Mas, com o passar dos anos, percebo que
minhas lentes mudaram bastante. A noção da vulnerabilidade da vida e a
experiência profissional (não é tão grande, mas já começa a se desenhar) mudam
a gente, viu? Certo dia escutei: “Eliza, você é TÃO especial, sabia?” Assim, do
nada, na fila de espera do salão de beleza. A recepcionista me fez ganhar o dia
e, depois, refletir. Especial. Será? Pelo menos aprendi a respeitar o outro,
independentemente de quão diferente de mim ele seja, independentemente do meu
preconceito.
Nunca usei floral, tentei yoga e
pilates, mas só o ballet clássico foi capaz de domar a minha ansiedade. Fiz
terapia e, sim, recebi alta. Os amigos até dizem que foi porque o terapeuta não
aguentava mais me ouvir falar. Os amigos de verdade percebem o motivo: sou tão
imperfeita quanto qualquer outro humano, mas, pelo menos por enquanto, aprendi a lidar com minhas imperfeições. Mesmo sem o ballet clássico e sem a terapia, venho lidando com minha
ansiedade.
Essa semana, vivi um novo desafio
e, ao invés do sentimento que tinha na iminência de uma realidade desconhecida,
o coração disparou, mas a mente ficou tranquila. É verdade, eu estava de salto alto. É verdade, ele deve ter ajudado.
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